sábado, 21 de junho de 2014

Rodeio Legal: de quem é a responsabilidade?

A Confederação Nacional de Rodeio (CNAR) vem realizando, já há dez anos, um trabalho muito importante no que diz respeito aos bons tratos aos animais do rodeio. No mês de julho de 2002, foi sancionada a lei federal número 10.519, que estipula que \"os apetrechos técnicos utilizados nas montarias, bem como as características do arreamento, não poderão causar injúrias ou ferimentos aos animais\" utilizados nos rodeios. Entretanto, uma das dificuldades de se colocar em prática essa lei é a fiscalização dos quase 2 mil rodeios que acontecem anualmente em todo o Brasil. Por essa razão, a CNAR lançou em 2007 a Certificação Rodeio Legal – O rodeio dentro da lei. Mas, passados cinco anos, pouquíssimas comissões de festas aderiram à iniciativa. Por que não há interesse por parte da maioria?
O presidente da CNAR, Roberto Vidal, é uma das pessoas mais comprometidas com a qualidade do rodeio brasileiro. Já fez muito por esse esporte no país. Segundo ele, o selo é a garantia de que o animal não sofre maus-tratos. O primeiro a receber a chancela verde foi a Festa do Peão de Indaiatuba, em agosto de 2011. Desde que foi criado o selo, apenas seis rodeios, todos eles no estado de São Paulo, foram certificados.
A fiscalização, segundo Vidal, é feita por meio do Comitê de Segurança e Bem-estar Animal da CNAR, composto por veterinários e outros profissionais da área. Eles acompanham o animal desde a fazenda até o rodeio para garantir a qualidade do certificado.  Também inspecionam instrumentos como as esporas dos cowboys, que não podem ser pontiagudas ou estarem travadas (para não perfurar o couro do cavalo ou touro), alimentação adequada, estrutura e outros quesitos.  O certificado é anual, ou seja, precisa ser renovado a cada ano.
Vale ressaltar que o selo também apoia ações ambientais, como a reciclagem de todos os resíduos sólidos produzido na festa. O protocolo sugere que a organização do rodeio dê um fim sustentável aos materiais em regiões onde não há essa preocupação. \"Se não existe um trabalho ecológico, nossa parte é indicar uma solução\", explica o presidente da CNAR.
Apesar de ser uma importante iniciativa, que inclusive dá um retorno positivo aos organizadores de rodeios, prefeituras e patrocinadores, o que chama a atenção é o pequeno número de rodeios certificados até agora. Quase insignificante diante da quantidade de rodeios realizados anualmente no Brasil. Então, o que tem faltado?
Em primeiro lugar, falta conscientização dos próprios organizadores dos rodeios – sejam eles pequenos, médios ou grandes – no sentido de se comprometerem efetivamente com a prática do rodeio legal. Isto poderia, por exemplo, solucionar problemas judiciais que, com uma frequência cada vez maior, têm impedido a realização de rodeios em diversas cidades. Falta também o comprometimento das federações estaduais de rodeio que, em sua absoluta maioria, tem se mostrado inoperante e despreocupadas com o esporte. Por isto, segundo o presidente da CNAR, uma das metas para o ano de 2013 é justamente fazer um trabalho em conjunto com essas federações.
Além disso, os próprios profissionais do rodeio – inclusive os tropeiros – podem, da mesma forma, engrossar o coro em defesa do rodeio legal. Afinal de contas, será bom para todos. No site da CNAR (www.cnar.com.br) estão disponíveis todas as informações para a certificação do Rodeio Legal.

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